Athletico ainda não entrou em contato oficialmente com as atletas sobre o descontinuamento da categoria; Profissionais se posicionam sobre desrespeito.
Ainda sem qualquer contato oficial do clube, as jogadoras do time feminino do Athletico tiveram que saber da descontinuidade da categoria através das redes sociais e mensagens de WhatsApp enviadas pela comissão técnica, que recebeu a demissão, durante as férias, dias antes do natal. As atletas ainda estão postando suas despedidas do clube em suas redes.
Diante de tamanho descaso, Ellen Nogueira, meio-campo da equipe, decidiu escrever uma carta aberta (com apoio e em nome de todo o elenco) diretamente ao clube, se posicionando e relatando como se sentem desrespeitadas pela forma como tudo vem sendo tratado, pelo descaso com todos os profissionais envolvidos e a falta de respeito com o futebol feminino. Relatam, ainda, a falta de interesse da diretoria pela equipe já demonstrado internamente e a falta de respaldo que o Athletico vem apresentando com elas.
Toda situação tem sido lamentável por um clube que se diz profissional tratar dessa forma anti-profissional com suas atletas, que – com razão – merecem ser tratadas com mais respeito.
CARTA ABERTA AO CLUB ATHLETICO PARANAENSE
Sendo bem sincera, pensei mil vezes antes de escrever este texto e falar sobre essa situação. No entanto, acredito que devo me pronunciar também sobre esse assunto. Sabemos que nós, atletas da equipe feminina, temos “um peso maior” e, devido à visão interna que temos, é importante assumir esse posicionamento.
A decisão de acabar com o time feminino, motivada por uma irresponsabilidade da equipe masculina principal, representa um total descaso conosco. Estamos pagando o preço por algo que não é nossa responsabilidade. Infelizmente, desde o início, devido à falta de interesse dos responsáveis pelo clube em relação à nossa equipe, já imaginávamos que algo assim poderia acontecer. Era evidente para nós que, caso o time masculino caísse para a Série B, o time feminino seria tratado como dispensável.
Sempre ficou muito claro que o clube mantinha a modalidade feminina apenas por obrigação. Quem realmente se dedicava e buscava soluções para nós era a Renata (supervisora). Contudo, essa situação estava fora do alcance dela e de qualquer esforço que pudéssemos fazer.
Isso nos causa indignação – em nós, atletas, na comissão técnica e, acredito, em todas as pessoas que apoiam o futebol feminino. É extremamente triste para a modalidade constatar que ainda existem clubes que mantêm o futebol feminino apenas por imposição e não por valorização.
O descaso, no entanto, não termina aí. A falta de respeito com nós, atletas, continua. Até agora, não fomos oficialmente comunicadas por ninguém do clube sobre o encerramento da modalidade feminina. O mínimo que esperávamos era um respaldo formal, que nos permitisse nos posicionar adequadamente sobre essa decisão.
Não é aceitável que simplesmente saíamos de férias e descubramos, por redes sociais “não oficiais”, o fim da nossa equipe. Nem sequer houve uma mensagem no grupo de WhatsApp, onde estão presentes todas as atletas e a comissão técnica. Essa seria uma forma menos desrespeitosa de tratar um assunto tão grave.
Enfim, ainda falta muito – muito respeito, consideração e empatia com o futebol feminino. Nós merecemos mais.