Considerado o goleiro mais valioso do futebol brasileiro, Bento já soma sete meses atuando na Arábia Saudita. Negociado pelo Athletico com o Al-Nassr por 18 milhões de euros (cerca de R$ 107 milhões) em julho do ano passado, o atleta de 25 anos mantém o foco na Copa do Mundo de 2026.
Em entrevista ao UmDois Esportes, Bento revelou que acompanhou o desempenho do Furacão na temporada, incluindo o doloroso rebaixamento para a Série B. Sempre que tem oportunidade, ele assiste aos jogos da equipe.
“Foi complicado. Durante a Copa América, acompanhei todas as partidas. O time ia bem, mas depois começou a sofrer gols nos acréscimos. Após minha saída, a diferença de fuso horário dificultou um pouco. Quando os jogos terminavam tarde, eu conferia os resultados assim que acordava”, relatou.
Bento reforçou sua torcida pelo clube e sua esperança na recuperação do Athletico. “Foi triste e sofrido. No último jogo contra o Atlético-MG, vesti a camisa e acompanhei do sofá torcendo. Agora é pensar na volta por cima, porque o Athletico tem que estar na Série A, brigando por Libertadores e títulos.”
Críticas à diretoria e apoio ao goleiro Léo Linck
Sobre a transição no gol do Athletico, Bento comentou a situação de Léo Linck, que perdeu a titularidade para Mycael antes de ser negociado com o Botafogo.
“Infelizmente, ele foi apontado como ‘bode expiatório’. Erros acontecem, é normal. Ele teve algumas falhas, reconheceu publicamente, mas o futebol é assim. Às vezes, mesmo sem culpa, o goleiro acaba carregando a responsabilidade”, avaliou.
Bento lamentou que Linck não tenha tido a sequência de jogos esperada e desejou sucesso ao ex-colega em sua nova fase. “Ele sempre sonhou em construir uma história no Athletico, mas, por agora, esse ciclo está em pausa. Quem sabe no futuro ele volte? Desejo o melhor para ele no Botafogo.”
Negociações frustradas com clubes europeus
O Athletico recusou propostas do Benfica e da Inter de Milão antes da venda de Bento para o Al-Nassr. Apesar de sempre ter manifestado interesse no futebol europeu, o goleiro garantiu que não guarda ressentimentos.
“É claro que bate uma chateação quando surgem oportunidades desse nível e as negociações não se concretizam. Falei com a diretoria sobre meus objetivos, mas entendi a decisão. No fim, ficou tudo resolvido. Não era algo que eu podia mudar”, explicou.
Ele também apontou que sua permanência no clube até julho de 2024 foi influenciada pelo afastamento do presidente Mario Celso Petraglia, que enfrentava problemas de saúde.
“Talvez, se o Petraglia estivesse mais ativo na época, as coisas teriam sido diferentes. Mas não guardo ressentimento. Foi o que aconteceu e seguimos em frente”, concluiu.
Saída de ídolos e falta de reforços: Bento critica gestão
Outro ponto abordado pelo goleiro foi a saída de nomes históricos do elenco, como Thiago Heleno e Pablo, que foram descartados para a temporada de 2025 após o rebaixamento.
“Foram caras que me ajudaram muito. Pablo, mesmo quando não estava no clube, me parabenizou pela estreia. Thiago Heleno é um cara sensacional. Fico triste pelo desfecho dessa história”, declarou.
Bento também alfinetou a diretoria ao comentar sobre a falta de investimentos no elenco, fator que, segundo ele, contribuiu para a queda para a Série B.
“A responsabilidade é de todos, não apenas dos jogadores. A diretoria sabia que precisava reforçar o elenco. Agora, não adianta olhar para trás, é focar no futuro e torcer para que o clube se recupere rapidamente”, finalizou.